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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O Território Chapada Diamantina - BA


O Território Chapada Diamantina - BA abrange uma área de 30.921,00 Km² e é composto por 24 municípios: Boninal, Bonito, Ibicoara, Iraquara, Jussiape, Lençóis, Mucugê, Nova Redenção, Piatã, Abaíra, Andaraí, Barra da Estiva, Ibitiara, Itaeté, Marcionílio Souza, Morro do Chapéu, Novo Horizonte, Palmeiras, Rio de Contas, Seabra, Souto Soares, Tapiramutá, Utinga e Wagner.
A população total do território é de 376.467 habitantes, dos quais 189.114 vivem na área rural, o que corresponde a 50,23% do total. Possui 36.876 agricultores familiares, 3.590 famílias assentadas e 38 comunidades quilombolas. Seu IDH médio é 0,63.
Fonte: Sistema de Informações Territoriais (http://sit.mda.gov.br).

O Território Semi-árido Nordeste II - BA




O Território Semi-árido Nordeste II - BA abrange uma área de 16.056,70 Km² e é composto por 18 municípios: Antas, Cícero Dantas, Cipó, Coronel João Sá, Euclides da Cunha, Fátima, Heliópolis, Jeremoabo, Pedro Alexandre, Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal, Santa Brígida, Adustina, Banzaê, Nova Soure, Novo Triunfo, Paripiranga e Sítio do Quinto.
A população total do território é de 407.964 habitantes, dos quais 224.676 vivem na área rural, o que corresponde a 55,07% do total. Possui 55.761 agricultores familiares, 668 famílias assentadas, 3 comunidades quilombolas e 3 terras indígenas. Seu IDH médio é 0,58.
Fonte: Sistema de Informações Territoriais (http://sit.mda.gov.br).

terça-feira, 17 de novembro de 2015

TERRITÓRIO DO SISAL

Território do Sisal, mais conhecido como região Sisaleira da Bahia, está localizado no domínio morfoclimático do semiárido, o nordeste do estado, a pouco mais de 200 km de Salvador (Figura 01). O Território da Cidadania Do Sisal - BA abrange uma área de  21.256,50 Km² e é composto por 20 municípios: Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Serrinha, Teofilândia, Valente, Barrocas, Biritinga, Conceição do Coité, Ichu, Lamarão, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Tucano, Araci, Candeal, Cansanção e Itiúba, com uma população de 570.720 habitantes, sendo 58.238 agricultores familiares, 2.482 famílias assentadas, 2 comunidades quilombolas e 1 terra indígena.

Municípios do território do Sisal com os MELHORES IDHM, dados de 2010 - IBGE.
1° São Domingos (0,640)
2° Valente (0,637)
3° Retirolândia (0,636)
4° Serrinha (0,634)
Municípios do território do Sisal com os PIORES IDHM, dados de 2010 - IBGE.
1° Monte Santo (0,506)
2° Lamarão (0,518)
3° Araci (0,534)
4° Biritinga (0,538)
A atividade econômica do Território do sisal gira em torno da agropecuária, indústria e mineração. A agropecuária se destaca em função da produção de sisal (Agave sisalana Pierre), caprinos, ovinos e bovinos, além de culturas e criações de subsistência. O produto interno bruto do Território representou, em 2007, 1,68% do PIB baiano.

Segundo informações da Superintendência de Estudos Econômicos da Bahia – SEI, 63 % da população do Território vivem na zona rural e, entre os territórios de identidade do Estado, apresenta o terceiro pior índice de desenvolvimento humano (médio) – 0,589.

Localizado na região semiárida do Estado, as principais vias de acesso, partindo da capital do Estado, Salvador é a BR 324 e 116, em seguida a BA 416 e 405. Os primeiros municípios localizam-se aproximadamente a 200 km da capital.O Território do sisal tem como principal atividade econômica da região, o cultivo do sisal. Cultura esta que, desde a década de 40, é explorada comercialmente gerando emprego e renda.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

ALBEDO

É comumente dado em porcentagem, que se caracteriza pela capacidade de que os corpos apresentam de refletirem a radiação solar que sobre eles incide. O Albedo varia de acordo com a cor e constituição que o corpo representa. Assim, será máximo nos corpos brancos e mínimos nos corpos pretos. (MENDONÇA, 2007, p.35).
O Albedo geralmente aplica-se a luz visível, embora possa envolver alguma porção da região infravermelha do espectro eletromagnético. Entende-se o conceito de baixo albedo intuitivamente, no dia-a-dia, quando a pessoa evitar andar descalço no asfalto em um dia quente de verão.
Ele também pode ser definido como a razão entre a irradiância eletromagnética refletida (de forma direta ou difusa) e a quantidade incidente. É uma medida adimensional, isto é, sem unidades. A razão costuma ser apresentada por percentagem e é um importante parâmetro radiométrico utilizado tanto em ciências atmosféricas, climatologia, Sensoriamento remoto e em astronomia.
A variabilidade do albedo pode ser explicada pelo uso do solo ou pela composição das superfícies. Assim a neve tem um dos maiores índices de albedo, devido à sua superfície ser branca, o que reflete de maneira eficiente os raios solares incidentes. Já o asfalto tem uma dos menores índices de albedo devido a sua coloração. Isso faz com que ambientes urbanos sejam muito desconfortáveis termicamente.
QUADRO DOS ALBEDOS
Ambiente
Tipos de superfície
(%)
Exemplos
ALBEDOS
Floresta
3 – 10
Floresta Amazônica - Brasil
Areia
15 – 25
Deserto do Atacama - Chile
Oceano
5 – 10
Oceano Atlântico – América, África e Europa.
Asfalto
5 – 10
Av. Transnordestina – Feira de Santana
Nuvens (média)
50 – 55
Atmosfera
Solo Arável
10 – 25
Agricultura, Campinas – São Paulo
Campo
20 – 30
Campos Sulinos – Rio Grande do Sul, Brasil
Espaços Urbanos
14 – 18
A Cidade de São Paulo
Lagos
5 – 10
Lago do Portinho – Piauí
Gelo
50 – 70
Cordilheira dos Andes – América do Sul

O POSITIVISMO COMO FUNDAMENTO DA GEOGRAFIA TRADICIONAL

Apesar do elevado numero de definições de objeto existentes na reflexão geográfica, é possível apreender-se uma continuidade neste pensamento. Esta advém, principalmente, do fundamento comum de todas as correntes da Geografia Tradicional sobre as bases do positivismo. É nesta concepção filosófica e metodológica que os geógrafos vão buscar suas orientações gerais (as que não dizem respeito especificamente à Geografia).

 Os postulados do positivismo (aqui entendido como o conjunto das correntes não-dialéticas) vão ser o patamar sobre o qual se ergue o pensamento geográfico tradicional, dando-lhe unidade. Uma primeira manifestação dessa filiação positivista está na redução da realidade ao mundo dos sentidos, isto é, em circunscrever todo trabalho científico ao domínio da aparência dos fenômenos.
 Assim, para o positivismo, os estudos devem restringir-se aos aspectos visíveis do real, mensuráveis, palpáveis. Como se os fenômenos se demonstrassem diretamente ao cientista, o qual seria mero observador. Daí a limitação de todos os procedimentos de análise à introdução, posta como a única via de qualquer explicação científica. Tal postura aparece na Geografia através da desgastada máxima – “A Geografia é uma ciência empírica, pautada na observação” – presente em todas as correntes dessa disciplina. Em primeiro lugar, coloca-se algo que é comum a todas as ciências – o referir-se ao real – como um elemento de especificidade da Geografia. E mais, numa visão empobrecedora da realidade, reduz-se esta a mero empirismo. 
A descrição, a enumeração e classificação dos fatos referentes ao espaço são momentos de sua apreensão, mas a Geografia Tradicional se limitou a eles; como se eles cumprissem toda a tarefa de um trabalho científico. E, desta forma, comprometeu estes próprios procedimentos, ora fazendo relações entre elementos de qualidade distinta, ora ignorando mediações e grandezas entre processos, ora formulando juízos genéricos apressados. E sempre concluindo com a elaboração de tipos formais, a-históricos e, enquanto tais, abstratos (sem correspondência com os fatos concretos). Esta concepção, presente em todas as definições apresentadas, emperrou a possibilidade de chegar a Geografia a um conhecimento mais generalizador, que não fosse à custa do formalismo tipológico. Enfim, de que ele ultrapassasse a descrição e a classificação dos fenômenos. Por esta razão, a Geografia Geral, tão almejada pelos geógrafos, na prática sempre se restringiu aos compêndios enumerativos e exaustivos, de triste memória para os estudantes do secundário. Outra manifestação da filiação positivista, também traduzida numa máxima geográfica, é a idéia da existência de um único método de interpretação, comum a todas as ciências, isto é, a não- aceitação da diferença de qualidade entre o domínio das ciências humanas e o das ciências naturais. 
Tal método seria originário dos estudos da natureza, as ciências mais desenvolvidas, pelas quais as outras se deveriam orientar. Esta concepção, que incide na mais grave naturalização dos fenômenos humanos, se expressa na onipresente afirmação: “A Geografia é uma ciência de contato entre o domínio da natureza e o da humanidade”. Postura esta que serviu para tentar encobrir o profundo naturalismo, que perpassa todo o pensamento geográfico tradicional. O homem vai aparecer como um elemento a mais da paisagem, como um dado do lugar, como mais um fenômeno da superfície da Terra. Apesar de algumas vezes valorizado nas introduções dos estudos, no corpo do trabalho acaba reduzido a um fator, num conjunto de fatores. Daí a Geografia a falar sempre em população (um conceito puramente numérico), e tão pouco em sociedade. Na verdade, a Geografia sempre procurou ser uma ciência natural dos fenômenos humanos. Isto se expressa, por exemplo, na colocação de J. Brunhes de que, para a Geografia, a casa (como elemento fixo da paisagem) tem maior importância do que o morador. Ou, na afirmação de C. Vallaux, de que o homem importa, para a análise geográfica, por ser um agente de modelagem do relevo, por sua ação como força de erosão. Tal perspectiva naturalizante aparece com clareza no fato de buscar esta disciplina a compreensão do relacionamento entre o homem e a natureza, sem se preocupar com a relação entre os homens. Desta forma, o especificamente humano, representado nas relações sociais, fica fora do seu âmbito de estudos.
 Assim, a unidade do pensamento geográfico tradicional adviria do fundamento comum domado ao positivismo, manifesto numa postura geral, profundamente empirista e naturalista. Outra idéia, presente em todas as definições apresentadas, que indiretamente se vincula a este fundamento, está traduzida na máxima: “A Geografia é uma ciência de síntese”. Esta concepção alimenta-se no afã classificatório do positivismo, sempre às voltas com uma hierarquização das ciências. No caso, revelando enorme imodéstia, tornar-se-ia a Geografia como a culminância do conhecimento cientifico, isto é, como a disciplina que relacionaria e ordenaria os conhecimentos, produzidos por todas as demais ciências. Seria uma especificidade mesmo de fenômenos que compõem o real, num leque que abrangeria, desde aqueles tratados pela Física, até os do domínio da Economia ou da Antropologia. Assim, tudo entraria na análise geográfica, que desta forma tenderia a ser exaustiva em termos dos elementos abarcados.

Tudo aquilo que interfere na vida da superfície da Terra seria passível de integrar o estudo; para se ter uma idéia de quão abrangente pode ser esta concepção, basta lembrar a afirmação de Humboldt de que os homens se relacionam com os fenômenos celestes através da luz e da gravitação. Esta concepção atribui à Geografia um caráter anti-sistemático, que a distinguiria das demais ciências, sendo por excelência um conhecimento sintético, que unificaria os estudos sistemáticos efetuados pelas demais ciências. Na verdade, a idéia de “ciência de síntese” serviu para encobrir a vaguidade e a indefinição do objeto. Tal idéia, que postulava um conhecimento excepcional, desvinculava tal ciência de uma exigência do próprio positivismo – a definição precisa do objeto de estudo. Assim, esta máxima serviu para legitimar o estudo geográfico com base num fundamento, do qual não se cumpriria uma exigência central. Além de se apoiar nestas, a continuidade do pensamento geográfico também se sustentou à custa de alguns princípios elaborados no processo de constituição dessa disciplina, e tidos como inquestionáveis. Estes princípios, formulados a partir da pesquisa de campo, seriam conhecimentos definitivos sobre o universo da análise, que o geógrafo não poderia deixar de lado em seus estudos. Atuam assim como regras de procedimento, e por esta razão forneceram um elemento de unidade para a Geografia. A saber, são eles, para ficar apenas nos mais expressivos: O “princípio da unidade terrestre” – a Terra é um todo, que só pode ser compreendido numa visão de conjunto; o “princípio da individualidade” – cada lugar tem uma feição, que lhe é própria e que não se reproduz de modo igual em outro lugar; o “princípio da atividade” – tudo na natureza está em constante dinamismo; o “princípio da conexão” – todos os elementos da superfície terrestre e todos os lugares se inter- relacionam; o “princípio da comparação” – a diversidade dos lugares só pode ser apreendida pela contraposição das individualidades; o “princípio da extensão” – todo fenômeno manifesta-se numa porção variável do planeta; o “princípio da localização” – a manifestação de todo fenômeno é passível de ser delimitada. Estes princípios atuaram como um receituário de pesquisa, definindo regras gerais, no trato com o objeto, que, não podiam ser negligenciadas. De certo modo, definiam os traços que faziam um estudo aceito como de Geografia. Deve-se ressaltar que a idéia de princípio é bastante cara ao pensamento positivista, o que reafirma o juízo de que a Geografia deve sua unidade a um fundamento comum com esta corrente filosófica. No mais, a atitude principista restringiu uma verdadeira discussão de metodologia, dando margem para a diversidade de posições também nesse nível. A generalidade dos princípios permitia que posicionamentos metodológicos antagônicos convivessem em aparente unidade. As máximas e os princípios são os responsáveis pela unidade e continuidade da Geografia. Ambos veiculam formações de um nível bastante elevado de generalidade e vaguidade, permitindo que se englobem em seu seio propostas díspares e mesmo antagônicas. Tal fato enseja os dualismos que perpassam todo o pensamento geográfico tradicional: Geografia Física – Geografia Humana, Geografia Geral – Geografia Regional, Geografia Sintética – Geografia Tópica e Geografia Unitária – Geografias Especializadas. Estas dualidades afloram, no trabalho prático de pesquisa, em vista da não-resolução do problema do objeto, ao nível teórico. As soluções propostas são, na maior parte dos casos, puramente formais (lingüísticas), e se diluem na pesquisa de campo. Nesta, ou se dá ênfase aos fenômenos humanos, ou aos naturais; ou se trabalha com uma visão global do planeta, ou se avança na busca da individualidade de um dado lugar; ou se analisa a um nível superficial a totalidade dos elementos presentes, ou se aprofunda o estudo apenas duma classe de elementos. Enfim, a prática de pesquisa força as opções claras, que a indefinição do objeto e a vaguidade e generalidade dos princípios e máximas deixaram em aberto. Estas dualidades perseguem a Geografia Tradicional, como uma sombra. As máximas e os princípios vão sendo incorporados e transmitidos, no pensamento geográfico, de uma forma não-crítica. Isto é, são tomados como afirmações verdadeiras, que em momento nenhum são questionadas. Tal fato decorre de serem tais afirmações o patamar dos estudos geográficos, o qual, apesar de frágil, fornece a única sustentação da autoridade e legitimidade desta disciplina. Se questionado e contestado esse apoio, viria a ruir o edifício geográfico. Assim, a assimilação acrítica das máximas e princípios teria por função evitar que se rompesse a autoridade da Geografia, para isto não questionando a fragilidade de suas formulações. Tal prática se apóia na defesa de posições assentadas, no receio às inovações e na falta de perspectiva. Porém, tudo isso dissimulado sob a capa da tradição. A repetição constante das máximas e princípios vai-lhes dando um tom de verdade consuetudinária; fetichizam-se, adquirem ares de legitimidade. No limite, são assimilados, pelos autores menos críticos e por aqueles que se encontram às voltas com a pesquisa empírica, de forma automática, sem uma avaliação detalhada, e mesmo sem consciência de seus fundamentos implícitos. Por isso as dualidades se mantêm, e se reproduzem. De todas estas razões, surgem as dificuldades para qualquer um que se proponha a explicar o que é a Geografia. E, mesmo assim, sem se haver penetrado no movimento de renovação da Geografia, empreendido a partir dos anos sessenta, o qual engendra uma série de novas definições, além de abrir a possibilidade para outras tantas. Este, colocando perspectivas de fundamentação fora do positivismo clássico (a Fenomenologia, o estruturalismo, o neo-positivismo, e o marxismo, entre outras), abre à discussão geográfica caminhos até então nunca trilhados, o que vai multiplicar as dificuldades existentes para definir a matéria tratada por esta disciplina. Na verdade, as máximas, os princípios e, principalmente, o trabalho de pesquisa, engendrado em anos de atividades (quase dois séculos de Geografia), acabam por constituir um temário geral, ao qual se associa a designação de Geografia. Isto só facilita em parte a tarefa de definir esta disciplina, pois fornece uma indicação genérica e implícita da matéria por ela tratada. Serve mais para dizer o que não é Geografia, do que para definir-lhe o objeto. O temário realiza a circunscrição mais abrangente do domínio do conhecimento geográfico. É ele que, apesar de constituído no período da Geografia tradicional, é mantido pelo movimento renovador, criando um elo entre os produtos destes dois pensamentos. Entretanto, como já foi mencionado, este temário é implícito. E, mais ainda, só se manifesta substantivado nas propostas teóricas e nos trabalhos empíricos desenvolvidos. Assim, sua fluidez não lhe permite ser a definição do objeto em si. Caso se tentasse assim proceder, reeditar-se-ia a vaguidade das definições positivistas da Geografia tradicional. Pelo temário geral da Geografia, essa disciplina discute os fatos referentes ao espaço e, mais, a um espaço concreto finito e delimitável – a superfície terrestre. Só será geográfico um estudo que aborde a forma, ou a formação, ou a dinâmica (movimento ou funcionamento) , ou a organização, ou a transformação do espaço terrestre. Qualquer tentativa de explicitar ou precisar estes enunciados redundaria em “mais uma definição formal”, que limitaria a generalidade e a vaguidade do temário, à custa de uma proposta parcial, que deixaria de lado algumas perspectivas. Seria vã toda tentativa de buscar um consenso, que não fosse vago. A impossibilidade de existir um conteúdo consensual na Geografia está no fato de o temário geral se substantivar em propostas apoiadas em concepções de mundo, em metodologias e em posicionamentos sociais diversificados, e muitas veze antagônicos. As várias definições do objeto geográfico refletem (e refletirão sempre) o temário geral, filtrado à luz de posicionamentos sociais (políticos, ideológicos e científicos) diferenciados. Só através d omito da ciência asséptica, supra-ideológica, “que paira acima das paixões”, seria possível pensar uma definição de objeto consensual. Sendo a sociedade de classes, logo conflituosa, e sendo as ciências expressões dessa sociedade, como esperar que nelas reine a harmonia? Os métodos de interpretação expressam posicionamentos sociais, ao nível da ciência. A existência da diversidade metodológica expressa o conflito, que reina numa sociedade de classes. À luta de classes corresponde a luta ideológica, que tem, no domínio do conhecimento científico, seu palco privilegiado. A Geografia, aceitando-se este rótulo como o que nomina os estudos abarcados pelo temário geral apresentado, sendo também uma emanação da prática social, não escapa a esse quadro. Toda tentativa de definir o objeto geográfico, que não leve em conta esta realidade, é dissimuladora, ideológica. As diferenciadas propostas veicularão sempre conteúdos e interesses da classe. Sendo a estrutura de classes contraditória, as propostas serão necessariamente antagônicas. Frente a estas razões, a pergunta – o que é Geografia? – adquire uma conotação nova. Escapa-se do plano da abstração, quando se aceita que existem tantas Geografias quanto forem os métodos de interpretação. E mais, que Geografia é apenas um rotulo, referido a um temário geral. E que este só se substantiva através de propostas orientadas por métodos, que expressam posicionamentos sociais. Assim, o que é Geografia dependerá da postura política, do engajamento social, de quem faz Geografia. Assim, existirão tantas Geografias, quantos forem os posicionamentos sociais existentes. Dessa forma, explicar o que é Geografia, passa a ser a explicitação do conteúdo de classes subjacente a cada proposta. Assim, cabe realizar uma breve história crítica do pensamento geográfico, enfatizando os interesses e as tarefas veiculadas por esta disciplina. Um geógrafo militante já disse que “a Geografia é uma prática social referida ao espaço terrestre”, a qual pode ser de dominação (como tem sido na maioria das vezes), mas também de libertação. Por isso, cabe também realizar um inventário da discussão geográfica recente, analisando as propostas surgidas após o movimento de renovação. E, através dessas, identificar os agentes e as práticas sociais referidas ao espaço em jogo na atualidade. Em outras palavras, investigar o estágio da luta ideológica, desenvolvida nesse campo de debate específico, que é a Geografia. E mais, em função desta luta, propor direcionamentos gerais, que permitam pensar esta disciplina como instrumento de uma prática libertadora.

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